6/29/2011

Pessoas "problema"


Não existem caminhos ou regras que garantam o viver bem. A realidade é que todos nós estamos no mesmo barco e temos a possibilidade de nos perder buscando respostar corretas, padrões de comportamento que garantam uma felicidade enlatada e prometida em cada comercial da TV.

A verdade é que nos custa admitir o fracasso dos caminhos escolhidos até o momento, mas é um passo crucial para uma mudança global e efetiva em toda a humanidade, e sendo nós mesmos reflexos e partes dessa humanidade, esse é um passo crucial para nós como indivíduos.

Existem pessoas que não conseguem se ajustar, se encaixar nesse mundo, e são justamente essas que me dão a esperança de um mundo melhor. Se ao menos não as massacrássemos tanto, se ao menos nos déssemos ao trabalho de ouvir o que têm a dizer e propor para a construção de um mundo melhor tenho certeza de que várias das respostas que buscamos para os problemas que nos impedem de dormir uma boa noite de sono seriam dadas.

(Dedicado aos adolescentes "problema" fantásticos que tive o prazer de conhecer em um trabalho da faculdade, e à todos os adolescentes problemas do mundo. Espero que a família, professores e sociedade em geral aprenda um pouco com eles.)

6/03/2011

Valor

A arte não vale nada
O amor não vale nada
A poesia não vale nada
A música não vale nada
A pintura não vale nada
A amizade não vale nada
O que menos vale é o que vale mais.

6/02/2011

O que eu aprendi


Tenho andado reflexivo ultimamente.. Parece que sempre que eu faço alguma coisa que sai um pouco da minha estrutura normal, uma loucura, extravagância ou o que quer que seja, eu me lembro da minha natureza, me lembro de quem eu sou e não me identifico com nada aquilo. Louco, bipolar (rótulos, rótulos, rótulos)? Talvez.. E não, não fico feliz com isso se você quer saber.

Mas me alegro sim de perceber que hoje sou mais inteiro do que ontem e se erro ainda é porque me distraio às vezes de minha natureza. Duas coisas que sempre me ajudam muito a me conectar comigo mesmo novamente são meditação e pensamento sobre a vida, seja de ordem filosófica, psicológica, espiritual ou o que quer que seja, como diz o grande Patch Adams (que é um cara muito mais foda do que aquela caricatura do filme que hollywood mostrou): "Não existe pensamento positivo ou negativo, o negativo é não pensar!".

Aliás, recomendadíssima a entrevista com ele (assistam todas as partes, vale a pena!):


Aprendi algumas coisas valiosíssimas com as pessoas que me são mais queridas na vida:

Com meus avós maternos aprendi que não se deve fazer uma escolha sem ser por amor e que não podemos culpar o outro pela infelicidade causada pela nossas próprias escolhas..

Com meus avós paternos aprendi que o amor existe, é belo, é real e só faz bem pra quem ama, além disso aprendi que a vida foi feita pra ser compartilhada os amigos, família, colegas, conhecidos, e que no final o amor que você leva é o amor que você dá! (saudades da vovó sempre..)

Com meus pais aprendi que é vital o respeito mútuo em um casal e que a fórmula: respeito + amor + admiração + desejo de melhora mútua = casal feliz. Aprendi principalmente respeito ao próximo na sua forma mais hardcore, sem restrições, sem cobrança, sem "eu te avisei", sem hipocrisia.

Com meus irmãos aprendi a viver, aprendi o que significa amizade, o que significa brigar, tomar posição, ceder, entender o outro, conversar, chorar junto, perdoar, respeitar e admirar.. não sou irmão dos meus irmãos por ter nascido do mesmo pai e da mesma mãe, sou irmão deles porque sinto no fundo que somos pedaços da mesma alma.

Com meus amigos mais íntimos aprendi que amizade é amor e que o tempo e a distância não diminuem esse sentimento, aprendi que pessoas muito diferentes podem se entender se estiverem dispostas a abrir o coração pro outro, aprendi que a vida não vale a pena sem amizades verdadeiras.

Com minhas namoradas aprendi o que é o amor sublime, aquele mesmo da amizade, só que maior, porque você é o outro.. aprendi a amar sem prender, a doar sem cobrar, a dar sem esperar nada em troca, a receber o que o outro te oferece, aprendi a valorizar um sorriso, aprendi que todos somos frágeis, que todos queremos ser amados e que ninguém quer magoar o outro.

Com meu cachorro aprendi que os animais são muitas vezes mais honestos do que nós humanos, e que devemos respeitá-los, porque são o que há de mais puro em termos de sentimento nesse planeta, aprendi que a presença às vezes é mais importante que a palavra e que os olhos expressam mais do que podemos imaginar.

Dedico esse texto à todos que passaram pela minha vida e me ensinaram a viver, espero que sempre que ler eu me lembre de tudo isso e possa honrar e ser eternamente grato à todas essas pessoas e à todas as que vierem. Porque a vida só vale a pena quando é compartilhada.

6/01/2011

Paulo Freire, um grande homem!


http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=99980


http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=99981

Não sei colocar o vídeo aqui de uma forma mais bonita ou mais eficiente, mas estão aí os links de um documentário que me fez pensar muito na vida, nos valores, no ser humano.. compartilho com vocês, espero que gostem.

5/31/2011

Insights - (Parte II)


Se a vida é feita de experiências e toda experiência é no fundo uma experiência de sofrimento, como poderemos ser felizes algum dia nessa existência?

-Espere um pouco, você disse que toda experiência é uma experiência de sofrimento? Como assim?

Sim, toda experiência gera sofrimento no mundo material, se for dolorosa ela gera sofrimento no momento em que acontece e se for prazeirosa gera sofrimento no momento em que acaba, e toda experiência tem um fim.

Gosto muito do budismo, como já falei várias vezes em textos, e pra mim uma coisa que é marcante nessa filosofia é a história de vida de Sidartha Gautama, conhecido como Buda, o iluminado.

Sidartha era um príncipe, e quando nasceu foi levado à um sábio que revelaria seu destino, como era costume da época, e quando o sábio viu aquele bebê disse ao seu pai que ele seria um grande guia espiritual. Seu pai que era rei não gostou nada daquela predição pois queria que seu filho seguisse seus passos e acabou cercando o príncipe de luxos e prazeres, não deixando que ele conhecesse qualquer tipo de sofrimento mundano, nem doenças, nem velhice, somente prazeres.

Já adulto, Sidartha começa a sentir curiosidade sobre o que existe além dos portões do palácio e um dia consegue sair disfarçado e vê pessoas velhas, pessoas doentes, encarando o sofrimento pela primeira vez na sua vida.

Sidartha então percebe a primeira nobre verdade (dukkha):
"Esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimentos; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento."

Ele percebe que a natureza da vida material é sofrimento, e busca a origem desse sofrimento, o que o leva à segunda nobre verdade (Samudaya):
"Esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir."

Tendo a noção de que o que origina o sofrimento é o desejo, ou apego ao prazer e aversão à dor, busca como seria a cessação do sofrimento, e essa é a terceira nobre verdade (Nirodha):
"Esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele."

E com a consciência de ter que abandonar o desejo para cessar o sofrimento leva à quarta e última nobre verdade (Magga):
"Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta."

Meu Deus, você pula de paraquedas, vai pra várias festas, bebe, fica com um monte de mulheres e vem me dizer que o caminho correto é o abandono dos desejos materiais?

Ouça jovem Padawan, primeiramente eu não sou Buda, e lembra-se do ínicio de toda essa história? Lembra-se de que Sidartha era um príncipe cheio de luxos, prazeres e tudo o mais que há de "bom" na vida? Pois então... eu acho que temos que aproveitar as nossas experiências de vida, vivê-las com intensidade, o corpo deve sentir esse entendimento racional em todas suas células, só assim eu consigo construir a plena certeza de que esse é o caminho.

Como diz Krishnamurti "A verdade é uma terra sem caminhos.", e segundo Vivekananda: "No futuro haverão tantas religiões quantos forem os homens." E isso significa que cada um é responsável pelo seu caminho e pelo modo que trilha seu caminho. Tudo nos é lícito, porém nem tudo nos convém e o que eu como a prato pleno pode ser o seu veneno, mas como vai você saber sem tentar?

Vamos viver a vida e buscar a todo instante a clareza de que a felicidade é um estado interno a ser compartilhado e não algo conseguido por meio de experiências externas. Amém!

5/30/2011

Insights (Parte I) - O olhar é a luz que SAI do olho


O que nos define como seres humanos?

Se eu fosse responder essa pergunta de forma bem objetiva eu diria que o que nos define é o modo como significamos as nossas experiências vividas.

Não gosto da idéia de ser preso à nada nessa vida, sou um apreciador incorrigível da liberdade, e tento sempre dizer "sim" às oportunidades quando se apresentam, quando tenho vontade e são minimamente viáveis de serem realizadas. Acredito que não existam  modelos confiáveis para nos apegarmos em qualquer instância da nossa vida, e por isso não me prendo à nenhum rótulo.

Eu sempre fui um cara que transitou muito e intensamente por diversos mundos diferentes e tenho experiências desde ir à uma festa da alta sociedade chegando de limosine, até dormir em um prostíbulo horrível no Peru por falta de hotel.. de me envolver com uma garota que pode ser rotulada como a mais patricinha do mundo, e outra que pode ser rotulada como bixo-grila revoltada com a vida, mas descobri em ambas almas lindas e muito mais.

Enfim, o que somos nós? Somos a roupa que vestimos? Somos o que bebemos na balada? Somos o carro que temos (ou não temos)? Somos nossas ideologias, nossas escolhas, nossos amigos?

Acredito que somos um espaço vazio onde ocorrem experiências, e essas vão sendo significadas de acordo com os óculos e moldes que temos para encaixar as pequenas parcelas de "realidade" que se apresenta aos nossos sentidos.

Eu poderia tecer mil críticas à todas as pessoas e grupos com as quais já me relacionei, mas ao invés disso prefiro absorver e aproveitar o que eles me oferecem de bom, e ao oferecer esse olhar, despertar o que de bom há nessas pessoas, e assim despertar o que de bom há em mim pro mundo.

Há uma verdade muito acima da realidade aparente à qual nos apegamos quando decidimos pelos nossos pequenos julgamentos da realidade. Eu acho que todos nós seres humanos queremos e buscamos a felicidade, existem alguns que estão mais perdidos nesse caminho, mas todos nós a encontraremos, porque é a única maneira possível de sermos felizes e livres, quando TODOS os seres forem felizes e livres.

Esses dias, assistindo ao filme "Arido Movie" escutei uma frase que pra mim resume o que eu penso sobre a vida: "O olhar é a luz que SAI do olho!". E aí, qual luz temos lançado sobre o mundo?

(Continua...)

5/25/2011

O nascimento do Deus interior (ou Banda cover de Beatles)


A alguns dias atrás fui à Virada Cultural em SP e foi uma experiência muito foda, em vários aspectos. Mas eu queria relatar particularmente sobre uma das experiências de insight que me ocorreu durante essa viagem.

Primeiramente, vou confessar que eu ando numa fase muito foda em relação à um monte de coisa que eu tenho que resolver e venho postergando a um bom tempo, e essa situação vem me deixando bem grilado e com uma certa angústia (o que acredito que não seja ruim, já que são nesses momentos que se abrem possibilidades de transcendência da vida atual).

Mas voltando, em meio a isso tudo fui na Virada Cultural e passei por algumas experiências internas bem interessantes. Na viagem de ida mesmo tive uns insigths muito bacanas sobre Deus.

Entendo que todos os grandes mestres das maiores tradições do mundo vêm falando basicamente a mesma coisa: -Seja você mesmo! That´s it.

E vários são os motivos pra me fazer acreditar isso:

1- É praticamente consenso que fomos criados por Deus. Temos a natureza divina, portanto tudo o que pensarmos como atribuído às possibilidades de Deus de agir, podem ser extendidas à nós enquanto possibilidades.

2- Há uma constante busca de estados de quietude, estabilidade de energia e diálogo interior (oração, meditação, jejum, silêncio, celibato, penitência) e nesses momentos de quietude e solidão olhamos para dentro e nos encontramos com Deus, ou nossa parcela de Deus. E eu acho que devemos ouvir à esse Deus, que se manifesta em nós, e agir conforme sua vontade, trazendo uma experiência de felicidade e amor pra Deus, que chega até ele através das nossas próprias experiências.

3- Se todos somos um Deus só é fácil perceber que o melhor que podemos fazer é proporcionar felicidade pra uma outra parcela de nós mesmos, ou seja, o outro! Amar ao próximo como a ti mesmo, fora da caridade não há salvação.

4- E se Deus é tão poderoso quanto se diz, acho que deveríamos começar a prestar mais atenção ao que ele nos fala dentro de nós mesmos.

O QUE VOCÊ QUER?
O QUE TE MOTIVA?
O QUE TE FAZ SAIR DA CAMA CEDO?
O QUE TE FAZ SE SENTIR VIVO?

Podemos usar como analogia uma banda cover de Beatles, por exemplo (sendo bem extremo pra ficar simples), em sua maioria são caras bons, que tocam bem mas não captaram a verdadeira essência do que os Beatles quiseram transmitir, que pode ser "seja você mesmo, explore suas idéias, seja criativo".. a mensagem nunca foi: "tirem todas as nossas músicas e tentem se parecer com a gente".

Mas bem, nessa analogia bem caricata acho que dá pra perceber que na maioria das vezes nos apegamos à referências de vida, heróis ou personagens que só copiam o aspecto mais superficial da verdadeira mensagem transmitida. Assim como alguém que é cristão se apegar mais à imagem do sofrimento de Cristo do que na sua busca de servir à Deus, e não a si próprio. Deus não está fora de nós, Deus sou eu e você, eu deixo Deus feliz quando proporciono felicidade ao outro e a mim mesmo por troca.

A felicidade nunca é solitária, ela é sempre compartilhada, e por isso vejo a mensagem muito claramente de ser quem se é no fundo, pois só assim estaremos felizes de verdade e poderemos compartilhar a felicidade com Deus (o Todo!).

Verá que o que é essencial
sempre esteve aí
ponto final.

5/06/2011

Livres II

"A verdade é uma terra sem caminhos" (Krishnamurti)

Vejo pelo menos dois caminhos antagônicos que chegam ao mesmo lugar por estradas bem diferentes, e podem ser opções pra quem quiser admirar essa ou aquela paisagem.

Um deles é o caminho da auto-destruição, que pode ser ilustrado pelo filme "O Clube da Luta", nesse caminho deve-se ir aos limites da falta de sentido da vida, deve-se chegar ao fundo do poço ou como diz Tyler Durden "apenas após você perder tudo é que você está livre pra fazer qualquer coisa".

Somente após chegar à um estado de angústia tal que você não se importe com mais nada na vida é que se chega à grande iluminação desse caminho, que pode ser descrita como uma vida autêntica, fora de padrões, não se importando com as consequências de seus atos, ou simplesmente, a liberdade plena.

Um outro caminho é o caminho de espiritual de auto-conhecimento, no qual você estuda, interpreta e analisa todos os aspectos da vida, tentando encontrar um centro em toda essa complexidade, que no fundo é você mesmo, já que não há nada de subjetivo fora da próprio sujeito que a produz.

Esse caminho leva à percepções a cerca de si mesmo e da própria natureza e chega-se a um ponto tal que, segundo os que passaram por esse caminho (Jesus, Buda e outros), percebe-se que não há um "eu", pelo menos não há um "eu" que possa ser separado de uma coisa muito maior (Deus, Todo, Vazio...) e o que acontece é que a partir dessa certeza interior o sujeito irá agir baseado na vontade desse Deus subjetivo e, por se tratar da vontade de Deus, age sem se preocupar com as consequências de seus atos, já que a vontade de Deus é soberana. Ou poderiamos dizer que o sujeito atinge a liberdade plena.

Mas esses são apenas dois caminhos que pensei agora que levam à uma liberdade plena, mas existem vários outros: o caminho da fé, o caminho do auto-conhecimento, o caminho da análise, da filosofia, do pensamento livre, da doença, da EQM, dos enteógenos e por aí vai...

Ambos os caminhos levam à uma ação com liberdade plena, porém, essa liberdade plena alcançada é apenas o início de um outro caminho, e a partir daí é que iremos agir sobre o mundo de uma maneira transformadora, porque estaremos compartilhando a NOSSA verdade na vida, e assim ajudando a construir um mundo mais livre e verdadeiro.

Livres

Sinto que meu espirito chega à superfície do meu corpo e sou tomado por uma energia divina. Me sinto muito maior do que me acostumei, me conformei ou fui condicionado a ser na realidade ordinária da vida cotidiana.

Sinto um propósito muito maior de vida, que é o de me despertar e despertar as pessoas com as quais eu me encontro na vida para essa realidade interior que é maravilhosa, única e que pertence à todos nós. Não há o que temer!

A "vida espiritual" se é que eu posso chamá-la dessa maneira (pra mim é a que melhor descreve o sentido que percebo nesse momento) é maravilhosa, é grande, é felicidade verdadeira.

Não é preciso muita coisa, não é preciso de nada. Tudo o que importa é amor, pensamento, consciência e verdade. Com esses elementos podemos despertar cada vez mais pessoas para um novo nível de existência nesse planeta, um novo nível que não tem nada a ver com resolver os problemas da mesma forma com que viemos lidando nos últimos séculos, pois muitas das conquistas que alcançamos em todos os sentidos até agora vieram para sanar problemas de ordem prática.

Já faz tempo que a humanidade não precisa mais de resolver problemas de ordem prática, pelo menos não na solução de necessidades humanas básicas. Não que não se deva buscar soluções e inovações tecnológicas que nos levem à descobrir novas ferramentas facilitadoras pra nossa vida material, mas esse não deve ser o foco de toda a busca humana mais.

Por isso não faz mais sentido trabalharmos tanto, fazermos tanto pra sustentar um estilo de vida que está mais do que falido a muito tempo. Devemos cada vez mais explorar ferramentas espirituais, de transcendência da realidade ordinária, para termos acesso à novas formas de organização social, ambiental, familiar e até mesmo individual.

Já é tempo de ser livre! Não precisamos mais de doenças, mentiras, stress, fome, miséria... Passamos dessa fase. Não vê quem não quer. Que pena de quem não percebe isso, que pena dos que ainda são escravos das pequenezas da vida, que pena todos não desejarem ser livres!

4/25/2011

Passeio pela multidão

Caminhava pela rua em meio à uma multidão conversando com uma mulher fantástica a respeito de meditação, concepções de vida, experiências transcendentais e outros tópicos nessa linha. Um assunto vai puxando o outro, começamos a conversar sobre pessoas que optam pelo caminho da fé e acabamos caindo no assunto: hare-krishnas.

Ela me dizia, por notícias que ela tinha de outros países, de como eles são, em certa medida, como os evangélicos em relação à fé e dizem que em alguns lugares do mundo são tão veementes quanto esses últimos quando o assunto é arrebatar fiéis e conseguir alguns trocados.

No meio do assunto, nos deparamos com um cara baixinho com cara de gringo, vestindo uma roupa esquisita. Ele veio, entregou dois livros pra mim e dois pra ela, e começou a conversar com a gente sobre Krishna, sobre sua concepção de realidade, e conversamos até sobre a situação bizarra de tê-lo encontrado bem quando conversávamos sobre o assunto.

Acabei doando um dinheiro à ele, e fiquei com os livros. Mas foi uma experiência fascinante aquela troca que ocorreu entre nós três, desconhecidos e conhecidos, conversando sobre concepções tão profundas quanto se pode haver.
Fim 1.


Mais à frente na noite, estavamos (eu e uns amigos) sentados na grama no meio de uma praça do centro de São Paulo, esperando e olhando o movimento da praça. Passa uma mulher que me prende o olhar, olho seu olho, olho seu corpo e um crucifixo dourado muito bem trabalhado delicadamente debruçado sobre seus (belos) seios me chama a atenção. Ela me olha nos olhos, parece que o tempo pára, ela olha pra mim e diz: "-Jesus ama você!", apontando o dedo em minha direção. Sorrio e aceno com a cabeça. "-Eu sei", queria dizer.. "-Eu(!) amo você!", queria dizer.. não digo nada, mas algo se passou naquele olhar.
Fim 2.

4/20/2011

Salve: A história de alfredo


Às 6 da manhã de um domingo qualquer Alfredo acorda. Sente-se estranho, mas não sabe o porquê, senta em sua cama e tenta entender aquela sensação que toma conta do seu corpo. Nunca teve uma ressaca como aquela, não se sentia mal, se sentia simplesmente estranho. Vai para o chuveiro, mas não se arrasta como de costume, anda normalmente com uma sobriedade que é rara às 6 da manhã pra quem acaba de acordar de mais uma noite de esbórnia.

A água cai e ele sente que seu corpo está muito diferente, começa a estranhar seu corpo e sua mente. Passam-lhe pensamentos estranhos pela cabeça, o que seria aquilo tudo? Que música é essa que ele nunca ouviu tocando em sua cabeça sem cessar? Estaria ele ficando louco? Tudo isso passa por sua cabeça antes mesmo de tocar a mão na água pra verificar se está fria ou quente demais.

Finalmente entra debaixo do chuveiro e sente que a água está caindo com uma força desproporcional, como se tivesse embaixo de uma cachoeira dentro de seu banheiro. Passa as mãos no rosto molhado e sente a água deslizar por sua pele, não sabe dizer se aquela sensação é gostosa ou não. Olha para baixo, e percebe que ainda está vestindo seu pijama, e dessa vez se assusta de verdade, considerando a possibilidade de estar com algum problema sério.

Se enxuga e veste uma roupa seca, sente-se melhor. Liga o computador pra ver se esquece aquela besteira. Não há ninguém online, e ele continua incomodado com aquela música.. Que merda! Isso não pára nunca.

Não consegue se concentrar mais do que um minuto naquela porcaria de computador e se deita em sua cama com o violão, quem sabe se ele tentasse tocar aquela maldita música... nada!

Sai de casa e dá de cara com um deserto, vê muitas pessoas, todas parecem estar sofrendo, cada uma de um jeito, cada um na sua dor, cada um em um mundo. De repente Alfredo é tomado por uma sensação tão forte que começa a mover todo o seu corpo e começa a sentir uma grande dor, uma angústia indescritível, começa a lembrar de tudo aquilo que sempre se esforçou pra esquecer, começa a sentir tudo aquilo que ele fez questão de não sentir..

Alfredo resolve caminhar apressadamente no meio de todas aquelas pessoas e passa por um velho que parece ser o único são no meio de todo aquele caos (embora esteja com um chapéu e com um sobretudo vermelho surrado), e então esse velho lhe lança uma pergunta que será definitiva naquele momento:

-Você tem certeza que quer ver o que se encontra do outro lado?

Alfredo não sabe o que responder, se afasta e continua no seu caminho, trombando com várias pessoas no meio daquela multidão estranha e aquela maldita música.

Corre e cai, percebe que todos estão caídos, todos se contorcem, todos sofrem sozinhos suas doenças, cada um em seu próprio mundo desmoronando. -Por que não vi isso tudo antes?

E de repente avista um bebê, um lindo bebê em meio àquele inferno, e o bebê sorri. Alfredo se levanta, está descalço e sem camisa, só aquela velha calça jeans lhe cobre o corpo, ele sente um prazer indescritível, sua mente compreende tudo, seu corpo está leve como nunca, respira um ar tão puro quanto se possa imaginar, sente o sol ameno em seu rosto e ri como nunca havia imaginado rir um dia na vida, outros se levantam, se reconhecem, se olham, se abraçam, riem, choram e confraternizam como uma velha família que se reencontra após uma longa viagem.

4/14/2011

Madhyama Pratipad

Se você me pergunta quem eu sou...

Eu vou do quente ao frio
Eu vou do amargo ao doce
Eu vou do trantra à pornografia
Eu vou do ódio ao amor
Eu vou do lindo ao horrível
Eu vou do careta ao viciado
Eu vou de Buda à Jesus
Eu vou da construção à destruição

Busco o meio e vou aos extremos
Neles encontro a chave do meio
Quanto mais alta a árvore
mais profunda sua raiz deve ser

Se você insiste em perguntar:
- Mas quem é você? O que te define?
Eu te diria:
- A busca, a exploração, a construção de mim mesmo.

Uma vida dialética
de novas possibilidades
é o que busco a cada momento
crescer cada vez mais em tudo de mim
e cada vez maior oferecer ao mundo tudo o que sou.

4/13/2011

Viagem da alma


Sinto seu cheiro,
o perfume me inebria
Te seguro junto à mim
toque de pele macia

Olhos nos olhos
Eu sei o que fazer
mergulho no teu corpo
e isso me dá prazer

Alma sofre quando pensa
isso não tem que mudar
A vida sempre parece
um universo pra viajar

Eu me ligo em você
E você se liga em mim
Mas me ligo em outras mais
Tem muita rosa no jardim

E a alma ama quando sente
o que faz sair de si
Corpo, alma, dente, mente
De repente ela sorri

Motivo de insônia

Estive pensando muito esses dias sobre como é engraçado o modo como construímos o mundo, a realidade, a sociedade, o indivíduo. Se analisarmos bem a situação em que se encontra o mundo em geral veremos que vários problemas graves possuem solução muito simples. Construir uma sociedade diferente, muito melhor do que a atual é uma coisa relativamente fácil! Pensemos nas nossas posturas individuais, guiadas por vontades que nem são nossas na maioria das vezes, o que gera desconfiança, o que gera medo, mentiras, hipocrisia, intolerância, violência, etc.

Quando vemos a vida com uma perspectiva egoísta (o que eu posso ganhar?) ao invés de uma perspectiva altruísta (o que eu posso oferecer?) geramos separação ao invés de relação, e esse modo de separação de pessoas, classificando-as quanto à nacionalidade, preferência por um símbolo estampado em uma camisa de futebol, cor, idade, sexo, religião, classe social, posição política... sempre gera disputa, e acontece de um querer ser melhor que o outro, outro quer explodir um templo religioso porque ele não celebra o ser hipotético em que o seu grupo acredita, outro atira em todo mundo na escola, porque não aguenta toda pressão que foi socialmente colocada em cima dele.

Acho que deveríamos mudar seriamente nossa pirâmide de valores, e começarmos a pensar em novas formas de nos organizar. Temos que ensinar as crianças a serem cada vez mais inteligentes, cada vez mais amorosas, cada vez mais criativas, para começarmos a ter acesso à soluções mais inteligentes, amorosas e criativas! Muito simples.

Agora, o que oferecemos às nossas crianças? Novelas recheadas de violência, traição, roubos, diferença social banalizada, tratamento unilateral de assuntos sérios como drogas e sexo; jornais que nos fazem acreditar que o mundo é feito de catastrofes, tragédias, violência e jogos multibilionários; filmes idiotas que seguem o mesmo conteúdo das novelas; programas de auditório deploráveis; música ruim (em playback!)... ou seja, o lixo do lixo.

E temos que conviver além dos nossos muros, e com que pessoas gostaríamos de conviver, e o que podemos oferecer de bom pro mundo? Muitas pessoas só têm acesso à informações podres, e continuam reproduzindo esses padrões podres. Ao invés de ficar pensando em alternativas para criar um mundo totalmente separado dos outros seres humanos, cada vez mais segregados e hierarquizados dentro de seus muros, deveríamos pensar em oferecer o nosso melhor pro mundo, um sorriso, uma palavra, um texto, uma música, uma notícia boa... enfim, qualquer coisa que melhore essa energia coletiva que anda tão doente.

3/31/2011

This is your life! (Tyler Durden)

Essa é a sua vida.
Boa até a última gota,
Não fica melhor do que isso.
Essa é sua vida,
E está acabando um minuto por vez.

Isso não é um seminário,
Isso não é um retiro de fim de semana
De onde você está agora você não pode imaginar como será o fundo.
Somente depois de um desastre podemos ressucitar.
Somente após você perder tudo que você está livre pra fazer qualquer coisa.
Nada é estático, tudo é terrível,
Tudo está desmoronando.

Essa é sua vida,
Não fica melhor do que isso.
Essa é sua vida,
E está acabando um minuto por vez.

Você não é um floco de neve belo e único,
Você é a mesma matéria em decomposição como todo o resto.
Nós somos todos uma parte da mesma podridão
Nós somos a única merdda que dança no mundo.

Você não é sua conta bancária.
Você não é as roupas que veste.
Você não é o conteúdo da sua carteira.
Você não é seu câncer de intestino.
Você não é seu "Grande latte"
Você não é o carro que você dirige.
Você não é a porra da sua calça.

Você tem que desistir,
Você tem que desistir!

Você tem que ter consciência de que um dia você vai morrer,
Até saber disso você é inútil.

Eu digo: - Nunca me deixe estar completo.
Eu digo: - Que eu possa nunca estar contente.
Eu digo: - Me livre de móveis suecos!
Eu digo: - Me livre de sua arte inteligente.
Eu digo: - Me livre de pele limpa e dentes perfeitos.
Eu digo: - Você tem que desistir!
Eu digo: - Evolua, e deixe os pedaços caírem onde eles devem.

Essa é sua vida,
Não fica melhor do que isso.
Essa é sua vida,
E está acabando um minuto por vez.

Você tem que desistir.
Você tem que desistir.

(Tyler Durden - O Clube da Luta)

Sem maiores comentários, eu acho o filme e a música da trilha geniais, com uma mensagem genial pra quem tem olhos de ver.

3/17/2011

Os grilos


Encontro-me novamente sozinho, depois de tanto tempo... Havia me esquecido de como era bom ficar tranquilo em casa, livre!


Aprendemos muita coisa morando sozinho, coisas como: descobrir quem somos, do que gostamos, como agimos, os motivos de ser o que somos, as reações habituais, e mais.

Considero importantíssima essa experiência (ou pelo menos a busca de períodos de recolhimento e silêncio) pra quem está atrás de autoconhecimento, pois são importantes momentos em que podemos nos dedicar um pouco à tarefa de simplesmente ser e fazer uma observação do próprio comportamento físico e mental.

Essa experiência amplia a nossa capacidade de ser autêntico no contato com o outro e no contato com nossas próprias sensações, pensamentos e sentimentos. Vamos nos tornando mais autênticos, e apesar de ainda sofrermos com situações adversas na vida, conseguimos permanecer tranquilos pois não estamos violentando a nossa natureza. Decidir por nos expressar verdadeiramente, sem medo! É um grande passo.

Creio que o caminho espiritual e de desenvolvimento das potencialidades em geral é um caminho que produz vários resultados positivos para quem decide trilhá-lo, pois esse caminho nos ensina a aproveitar a experiência da vida e vivê-la em sua integridade, em todos os planos!

Os grilos cantam além da janela,
e de repente um texto.

3/12/2011

Ciclo vicioso

"As pessoas trabalham mais do que precisam
pra ganhar mais do que precisam
pra comprar coisas que não precisam
pra impressionar pessoas das quais não gostam"

(Eu tinha isso anotado à muito tempo no meu caderno, acho que vi em algum lugar, mas não sei onde...)

3/11/2011

Yin Yang

Na tristeza minha alma se esvai,
adormece e encontra forças.
Quando acordo me entrego à mim
e reconheço quem eu sou.

Na felicidade a minha alma,
na medida que me acalma,
me faz sentir que sou muito mais,
e dentro ou fora me encontro em plena paz.

O caminho

Assisti à pouco na internet uma entrevista do Bruce Lee. Fiquei impressionado com a lucidez e sabedoria desse ser-humano. O cara era muito foda, eu não fazia idéia. E ele disse algumas coisas que me fizeram refletir bastante a respeito do treinamento para ser autêntico (no caso dele utilizando a arte marcial, mas pode-se extender o entendimento à qualquer treinamento que nos torne mais autênticos).

Uma das coisas que ele diz que me fez refletir foi de que nós temos o instinto natural e o controle racional, e cada um desses ao extremo nos leva à posições não saudáveis, a primeira nos leva a ser fracos, vulneráveis e volúveis a qualquer vontade que surja, já que a fonte de desejos é inesgotável, e a segunda nos torna robôs mecanizados, sem acesso aos nossos desejos, e a medida está em alcançar um controle natural ou instinto racional, que nos levaria à um patamar de expressão competente dos nossos desejos naturais, fluindo sem esforço por uma confiança inabalável na razão e no instinto.

O caminho para essa confiança interna é o autoconhecimento. O autoconhecimento é a chave para uma vida mais inteira, e consequentemente, mais feliz, pois nos aproxima dos nossos desejos autênticos, nos mostra quem somos, e nos dá o poder de construção da própria realidade. Quanto mais fundo mergulhamos em nós mesmos, mais percebemos o que somos e o que podemos ser, percebemos o quão grande ou o quão pequenos podemos escolher ser, assumindo de fato as rédeas da própria vida.

Todo o conhecimento é no fundo uma forma de autoconhecimento pois todo o conhecimento nos forma e nos transforma, e ao sermos transformados somos lançados um degrau acima do que éramos, e nessa construção somos levados à refletir sobre a diferença entre que fomos e o que nos tornamos. Geralmente chegamos à essas reflexões naturalmente de forma mais apurada em idade avançada.

Mas o mais bonito é que não precisamos esperar até o fim da vida pra começar a constuir um conhecimento sólido acerca de nós mesmos. Podemos começar agora, e existem várias maneiras para se chegar ao Eu. Pode ser através da meditação, do estudo do ser humano, da exploração do próprio corpo, do contato autêntico com o outro, da construção de intimidade, da contemplação da natureza, da vida vivida com prazer, da espiritualidade vivida com o coração...

Existem infinitas maneiras de construirmos um caminho, o que importa é fazer desse caminho ao Eu uma experiência humana, no sentido mais belo que essa palavra pode ter. E sejamos felizes, cada um no seu caminho, estando dispostos a dar a mão aos nossos companheiros de existência que por ventura cruzem conosco para nos acompanhar nessa bela estrada. Boa viagem irmãos!

Link da entrevista pra quem quiser assistir!! (em inglês)

3/05/2011

O Encontro


Sorrio à cada encontro contigo,
mesmo que seja um breve momento
de expressão sem razão,
seja um olhar sem pretensão
ou com alguma intenção.

Eu me reconheço
e reconheço você,
sei quem és pelo brilho dos seus olhos,
e no reconhecimento mútuo
me torno alma!

O autocentrado

Ser autocentrado é uma merda! Ficar pensando sempre: "O que EU devo fazer?", "O que será que tal pessoa vai pensar de MIM?" são questões básicas de autocentramento. (Há maneiras mais claras e mais sutis de se elaborar a postura autocentrada, por exemplo a postura: "Não me importo com o que pensam de mim" exige uma platéia que aplaude essa conduta na maioria das vezes...) Nada de errado com elas ou com qualquer coisa em particular.

Mas o foco dessas questões estão no EU, MIM, como se o Eu fosse a coisa mais importante do mundo, e que o mundo deve satisfazer meus desejos me provendo prazer e felicidade sempre. E por que não o contrário? Por que não pensar: "O que posso fazer pelo MUNDO?", "Como eu posso ajudar o OUTRO?", essas já são questões que saem da posição autocentrada e se viram para o mundo externo, que é o que passa a ser o importante.

No fim percebe-se que os melhores momentos que vivemos na vida são aqueles nos quais conseguimos sair dessa posição autocentrada e conseguimos verdadeiramente compartilhar algo com uma outra pessoa, ou outras pessoas, seja virtualmente ou pessoalmente, seja escrevendo um texto ou conversando com uma pessoa, seja recebendo algo de coração aberto ou oferecendo algo pelo simples prazer de oferecer algo à outra pessoa.

Mas temos exemplos midiáticos que nos fazem acreditar que devemos buscar o prazer egoísticamente, é o EU, MEU, MINHA.. Sempre incentivando posturas de posse, relações onde eu possa lucrar, extrair, explorar, e isso nos torna pessoas infelizes, cada vez mais infelizes. E aí estão epidemias de depressão, estresse, doenças de toda ordem, e pessoas cada vez mais perdidas no mundo. Tudo isso por uma simples razão: A meta foi perdida. Nos perdemos dentro de uma armadilha criada pela sociedade e armada por nós mesmos.

Nos perdemos em prazeres temporários, como uma baleia que se levanta para respirar e logo mergulhamos novamente, de volta aos desejos que nunca acabam, como um oceano tentando a todo custo secar.

3/04/2011

O sabor do presente

Um  koan zen budista... dispensa comentários!


Certa vez, disse o Buddha uma parábola:
Um homem viajando em um campo encontrou um tigre. Ele correu, o tigre em seu encalço. Aproximando-se de um precipício, tomou as raízes expostas de uma vinha selvagem em suas mãos e pendurou-se precipitadamente abaixo, na beira do abismo. O tigre o farejava acima. Tremendo, o homem olhou para baixo e viu, no fundo do precipício, outro tigre a esperá-lo. Apenas a vinha o sustentava.

Mas ao olhar para a planta, viu dois ratos, um negro e outro branco, roendo aos poucos sua raiz. Neste momento seus olhos perceberam um belo morango vicejando perto. Segurando a vinha com uma mão, ele pegou o morango com a outra e o comeu.

"Que delícia!", ele disse.

2/21/2011

O simbólico e o real

(Texto antigo, mas resolvi postar)

O símbolo é um elemento que define uma idéia coletiva, é expressada através de rituais (quaisquer que sejam eles), e aceita por meio da fé. Desse modo, tendo em mente que tudo o que realizamos é uma certa forma de ritual que expressa nossa visão de mundo e professa à todo momento nossa fé em algo, podemos pensar que a realidade vivida só pode ser entendida simbolicamente. Pensando em termos de evolução histórica e realidade objetiva percebemos que em diferentes épocas, os seres humanos tiveram crenças em símbolos diferentes, que os fizeram perceber e viver a vida de formas diferentes. E nesse sentido a realidade seria uma questão de experiência coletiva.

Na antiguidade os povos criavam mitos para explicarem a realidade, como na antiga Grécia em que havia uma crença em deuses que interferiam na vida cotidiana das pessoas, produzindo fenômenos naturais e agindo sobre o homem e a natureza segundo suas próprias paixões. Para eles a explicação das coisas se dava através do entendimento da ação desses deuses, e havia uma lógica e correspondência com a realidade que os fazia manter esse sistema de crenças, que era na época o que seria de mais racional e lógico que se podia formular.

Em épocas mais próximas, dominadas já pelo monoteísmo cristão no mundo ocidental, acreditava-se que a Terra era plana e que o Sol e as estrelas giravam em torno do nosso planeta. E essa forma de entendimento da realidade também representava uma verdade incontestável, tanto que houveram várias mortes por se questionar uma “verdade” simbólica defendida pela Igreja Católica.

Com o desenvolvimento da ciência positiva há hoje uma crença de que o que é comprovado cientificamente se constitui como realidade objetiva, e só é passível de contestação com limites muito definidos, baseado nos paradigmas definidos pela própria ciência que protege sua validade simbólica. E assim como as cruzadas e a “Santa” inquisição protegiam os valores do mito cristão, que só poderiam ser questionados com base nos valores da própria religião e restrita aos membros do clero, únicos detentores do conhecimento verdadeiro, hoje a ciência se arma contra os possíveis “hereges” elegendo como protetores da ciência os cientistas, que têm a função de manter o paradigma simbólico criado pela ciência e tomando como inválida e descartável qualquer proposta que se afaste das formulações baseadas no método científico.

Podemos ver que essa proteção ao símbolo como realidade objetiva e última é uma característica que passa por várias culturas e momentos históricos, e deve ser parte da própria natureza humana. Assim, mesmo em épocas mais contemporâneas, alguns cientistas são relegados ao esquecimento ou respeitados apenas parcialmente. Dentro da psicologia podemos citar Jung e Reich, que foram dois teóricos dissidentes de Freud, que acrescentaram novas propostas à psicanálise freudiana e, além disso, partiram para outros estudos mais transcendentes e metafísicos. Jung com seus estudos de símbolos e Reich com seus estudos acerca do orgone. Esses estudos posteriores, mais metafísicos e transcendentes foram vistos pela comunidade científica com maus olhos durante muito tempo, e ambos sofreram muito em vida, sendo ridicularizados por suas teorias, coisa que até o próprio Freud sofreu ao expor suas idéias iniciais.

Baseado nesses exemplos, podemos perceber o quanto a ciência se protege contra o que pode abalar sua visão positiva de explicação racional do mundo, porém naturalmente novos mitos vão sendo incorporados aos mitos já existentes e partimos para novos paradigmas de pensamento para a criação de novas bases de reflexão sobre o ser humano, e assim se dá o desenvolvimento simbólico da humanidade.

Nesse sentido o Estruturalismo Biogenético desenvolvido Laughlin & McManus nos dá uma explicação mais palpável de como ocorre esse fato de tomar uma formulação simbólica como realidade objetiva, que pode elucidar o que ocorre em termos de cognição para tal fato. Segundo essa linha de pensamento os símbolos servem como ordenador e limitador das experiências, pois faz com que nossa atenção seja atraída para aspectos que sejam consonantes com a nossa crença simbólica. E essa limitação da própria cognição pela crença simbólica é que molda nossas experiências conforme o símbolo existente num determinado momento histórico.

Assim, podemos concluir que a realidade objetiva não deixa de ser parte de um símbolo que a molda, e dessa maneira não podemos julgar as experiências dos povos passados ou ditos “selvagens” como menos evoluídas, e nem mesmo podemos pensar que as nossas descobertas e verdades de hoje se constituem em verdades últimas acerca da realidade objetiva, pois que cada sociedade e cada momento histórico está sujeita à um símbolo ou vários que organizam e limitam a nossa visão da realidade.

2/20/2011

Trajetória!


Nasci, fui conhecendo o que era viver, aprendendo cada passo, cada gosto, cada sensação, e sempre me perguntava: "-Pra quê isso tudo? Qual é o propósito da vida? Quem é Deus pra saber se eu gostaria de existir ou não? Qual é o sentido ou finalidade de estar vivo?... coisa de criança, mas isso passa.

A medida que os anos foram passando vivia como um zumbi, alheio a mim mesmo, com uma angústia crescente, inconformado com a existência do Ser. Tentei me aprofundar em uma religião específica, e alguns livros, palestras, discussões, me ajudaram a dar um pequeno passo em direção à algo, mas isso passa.

Mais um pouco à frente fui jogado na estrada da vida movido por um sentimento que não sabia o que era, mas que me fazia sentir vivo, era a primeira vez que me apaixonava verdadeiramente, e pela primeira vez na vida estava feliz, tinha um propósito, um algo além de mim, meu pequeno eu. E fui aos céus, agradecendo por estar vivo, e vivendo uma fase muito boa da minha vida.. mas isso passa.

E agora que a porta dos céus estavam abertas senti pela primeira vez o inferno. Não sabia o que fazer sem aquele alvo pra qual eu direcionava todo meu sentido de vida, toda minha energia, meu corpo, mente e alma. E pela primeira vez chorei, verdadeiramente desolado, chorei de dor, caí no poço fundo da alma vazia, mas isso passa.

E foram anos de oscilações, de conhecer uma nova vida, um novo Eu, um Eu vivo, um Eu que sentia dor e prazer, e não conhecia isso, não lidava bem com isso, era tudo muito intenso, como um cego de nascença que se maravilha e sente a dor de enxergar pela primeira vez uma grande luminosidade colorida, mas isso passa.

Após muita experiência e de uma grande viagem pela trilha da paixão, vi que estava novamente perdido, tinha perdido algo no meio do caminho que eu não sabia o que era, mas que eu tinha que encontrar novamente, algo dentro de mim!.. mas isso passa.

Quando encerrei essa viagem fiquei durante muito tempo me lembrando dos lugares que visitara, da maravilhas vistas, de tudo que havia vivido, e me extasiava, e queria voltar àquela velha estrada, mas não tinha sentido, algo em mim dizia que aquela estrada não era mais pra mim, pelo menos não naquele sentido.. mas isso passa. E eu devia ir em frente!

E foi nesse momento que encontrei uma outra estrada, uma estrada difícil pra mim, mas estava confiante e fui em frente. Essa viagem foi maravilhosa, assim como a primeira, mas diferente, uma verdadeira Magical Mistery Tour, e me senti outra vez mais vivo que estava, e mais vivo do que já me sentira em toda vida. Parece que só melhorava com o tempo "getting better all the time!", e me senti em êxtase, sentia amor dentro de mim, e mais uma vez fui além de mim mesmo, mas não era mais um lugar tão novo, já me senti mais confortável, mais tranquilo no meio daquele furacão.. mas isso?

Novamente o céu se transformou em inferno, mas aquele inferno também não me queimava mais tanto quanto da primeira vez, não chorei, não senti tanta raiva, não me abalei tanto. Pelo contrário, foi um grande impulso pra eu voltar a procurar o grande tesouro dentro de mim mesmo, e me tornar bem maior, bem melhor, pra voltar à estrada mais forte, mais experiente, com mais ferramentas pra enfrentar os obstáculos no meio do caminho.. mas..

E assim fiz. Um grande mergulho interno, descoberta de lugares, pessoas e muitas coisas que não fazia idéia que estavam à minha disposição. E hoje mais inteiro, sei que a estrada é apenas a estrada e quem faz a viagem sou eu. Sei que tudo me move na medida em que eu me deixo ser movido. E principalmente sei que o amor não se recebe, não se dá, se sente, e quanto mais se ama, mais gostosa se torna essa experiência chamada vida!

2/19/2011

A Testemunha!


"Relaxe sua mente. Relaxe sua mente e se expanda, misturando-se com o céu a frente. Então observe: as nuvens flutuam no céu, e você está consciente delas sem esforço. Os sentimentos flutuam pelo corpo, e você está consciente deles, também sem esforço. Os pensamentos flutuam pela mente, e você também está consciente deles. A natureza flutua, os sentimentos flutuam, os pensamentos flutuam... e você está consciente de todos eles.

Então me responda: Quem é você?

Você não é seus pensamentos, pois está ciente deles. Você não é seus sentimentos, pois está ciente deles. Você não é nenhum dos objetos que possa ver, pois está ciente de todos eles.

Algo em você está consciente de todas as coisas. Então me responda: O que existe em você que tem consciência de tudo? O que em você está sempre desperto? Sempre totalmente presente? Algo em você exatamente agora observa tudo que surge sem esforço. O que é isso?

Essa infinita consciência testemunhadora, você não a reconhece?

O que é esta Testemunha?

Você é a Testemunha, não é? Você é o puro Observador, a pura consciência, o puro Espírito que testemunha tudo que surge com imparcialidade, momento a momento. Sua consciência é espaçosa, completamente aberta, vazia e clara e, ainda assim, registra tudo que surge.

Essa verdadeira consciência é Deus imanente, olhando para o mundo que Ele criou."

(Do fantástico livro: "Boomerite" de Ken Wilber)

2/15/2011

Sadhu, Sadhu, Sadhu



Nunca pensei que iria sentir falta de ficar calado, de sentir dor por ficar sentado em posição meio-lótus quase o dia inteiro, de tomar banho frio, de acordar as 4:30 da manhã, de ficar completamente sóbrio, de ficar sem comer carne e tantas outras coisas.

Faz uma semana que voltei de um curso de Meditação Vipassana em Miguel Pereira-RJ e posso dizer que foi uma experiência que ficará marcada na minha vida, e que pretendo repetir em breve.

Quem pensa que um curso de meditação é parecido com um SPA, relaxante, zen, tranquilo, se engana profundamente. É um curso hardcore de guerreiro da mente, essa é a melhor descrição que posso dar. É um treinamento em que o cenário é a selva escura da sua própria alma, ambiente tão próximo e ainda assim tão desconhecido.

Algo que escrevi pra dizer do indescritível vôo pra dentro:

Parado. Sensações por cada poro do corpo, sensações sutis, outras nem tanto, uma coceira, uma dor, uma dormência. Uma coisa aqui, outra ali, uma mudança de fluxo, uma mudança em curso.

Da cabeça à ponta dos dedos dos pés, da ponta dos dedos dos pés à cabeça, e nesse intervalo de tempo do agora nada mais é o mesmo.

Sinto todas as sensações do topo da minha cabeça, vou à face, passou! Tudo muda o tempo todo, é passado, não existe. O tempo sempre foge aos sentidos.

A busca do presente é nossa busca mais incessante. Queremos e desejamos mais do que tudo viver o presente e esse desejo é futuro. Nos lembramos de um presente vivido e essa lembrança é passado. Rolamos e rolamos, alterando entre passado e possíveis futuros. E assim vemos as experiências passadas moldando nosso futuro e o futuro contando de forma explícita nosso passado.

E no meio desse furacão está o intangível, o impermanete, o tudo e o nada, o preto e o branco, o alfa e o ômega AGORA!

O agora é a única verdade que existe, a única divindade que pode ser apreciada.

O agora é um papel e uma caneta, o agora é um corpo nú, o agora é um orgasmo infinito, dor e prazer num êxtase inominável, o presente é e não é.

O presente é simples: abra os olhos!

*Post dedicado à todos aqueles que compartilharam essa experiência comigo! Que todos os seres alcancem a paz, alcancem a felicidade e se libertem!

2/14/2011

A desconstrução da desconstrução


Chegamos a um ponto de pensamento onde tudo é questionado, e mais, tudo é desconstruído, todos os conceitos relativizados, e nesse ponto nada mais é necessário, nada é real, tudo se sustenta no fio da navalha. É fácil a partir desse ponto cair em direção à um niilismo e um hedonismo (mal interpretado, vide: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hedonismo) sem limites pois todos os freios são cortados, todas as correntes se quebram e não há mais nada para refrear os impulsos instintivos do humano.

É necessário chegando a esse ponto de extrema crise, termos um plano, uma meta, algo maior do que nós mesmos para irmos além dessa desconstrução, além de todo esse vazio existencial, e por isso é tão importante nesse momento as práticas de meditação e discussão filosófica, pois essas ferramentas nos dão base para irmos além, para a construção do novo humano, do novo pensamento e da nova sociedade integral, segundo a idéia de Wilber (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ken_Wilber).

Experiências em geral nos levam à outras perspectivas de vida, experiências que podemos nomear “viagens”, de todos os tipos: meditação, o uso dos chamados “enteógenos” (substâncias psicoativas) ou a própria viagem física realizada em modo de imersão na experiência, nos fazem ver novas possibilidades, e nesse momento de transcendência de valores, penso que o mais importante é esse vislumbre de novas maneiras de viver, como indivíduos, grupo, sociedade e humanidade.

E a desconstrução é tão legal que é, ela mesma, a ferramenta para sua própria superação, que é a desconstrução da própria desconstrução. O caminho natural para uma postura ultra-relativista é o seu próprio fim, porque uma teoria que define que tudo é relativo não pode ser, de maneira alguma, absoluta.

Acho que a grande beleza do pluralismo relativista* é a possibilidade de demolir tudo e começar uma construção do zero, em outras bases. Mas a sua atuação se restringe à isso, uma POSSIBILIDADE de transcendência, pois sempre há o risco de demolirmos tudo e começarmos uma nova construção sobre bases erradas, talvez ainda piores do que as construções antigas, ou mesmo cair num limbo desconstruído pra sempre, não havendo construção nenhuma, vivendo sobre os escombros de um mundo rejeitado.

Portanto, exploremos novas possibilidades de existência, busquemos mais a vida experienciadora de novas possibilidades, utilizemos as ferramentas que hoje nos são disponíveis para a viagem além de nós mesmos, com uma finalidade em mente: compartilhar e oferecer ao mundo novas formas alternativas de nos organizar e construir uma vida que seja digna de ser vivida por todos.

* Mais sobre a má interpretação do relativismo pode ser encontrado numa palestra de Mauro Almeida, na pag: www.revistapesquisa.fapesp.br

Do Suicídio

Hoje* um cara se matou no meu trabalho, ele entrou no vestiário, amarrou uma corda em seu pescoço, passou a corda em volta da janela, se dependurou e segurou a corda até morrer… Fiquei pensando em que tipo de sentimento leva uma pessoa a fazer uma coisa dessas, o que se passava em sua cabeça? Será que é uma coisa tão distante assim de nós?

Como trabalho em um hospital, há a área da patologia, para onde são levados os corpos, e o corpo desse funcionário foi levado pra lá, e foi deixado em uma maca na primeira sala da patologia, e muitos funcionários foram até lá para ver quem era o morto, quem seria aquele que havia se suicidado. Alguns queriam lembrar quem era, outros confirmar se era quem achavam que era, outros queriam ver como ele havia ficado depois de morto. O que é isso? Que sentimento é esse que nos leva a querer ver uma pessoa que acabou de suicidar?

Fui lá, vi o morto, sensação muito ruim, vi e logo fui embora, não queria ficar ali, mas muitos ficaram lá conversando perto do corpo, lembrando onde o cara ficava, o que fazia, como ele era… e fazendo cara de luto, pena, como se estivessem realmente sentidos com o que havia ocorrido, e talvez estivessem mesmo, talvez não.

Eles diziam que ele tinha cara de mau-encarado, que olhava toda mulher que passava, eu não me lembrava muito dele, nem o reconheci num primeiro momento, depois só me lembrei que era um cara que ficava na porta do vestiário (no qual morreu) olhando as pessoas passarem para ir almoçar, quase todos os dias ele estava ali, e como eu almoço sempre no hospital devo tê-lo visto várias vezes, mas não sei porque não me lembro dele, se eu já cheguei a trocar um “Oi” que seja, acho que não.

Me fez lembrar outro cara, também funcionário do hospital que havia também se suicidado a alguns anos atrás, também enforcado. Desse eu me lembro, sujeito muito gente boa, muito tranqüilo, quando fiquei sabendo que ele havia se matado algo não se encaixou na minha cabeça, até hoje não consigo entender, e acho que nunca irei. Era um cara daqueles com conversa agradável, fizemos um curso juntos dentro do hospital, conversamos algumas vezes, ele era alegre, divertido, não era muito foco das atenções, mas também não passava desapercebido, isso foi o pior, pra mim parecia um cara extremamente equilibrado, e quem pode dizer que não?

Um colega meu comentou: “-Nossa, é muita coragem né?”… Eu queria dizer que não, que é covardia fugir da vida e não sei mais o que, mas diante do fato ali estampado na cara me calei, diante do morto se cala. Covarde? Coragem? Não sei… Apenas uma escolha, difícil e triste escolha de ir embora do mundo por opção.


* Texto antigo, já tem quase um ano que isso aconteceu. Quis postar pra resgatar de um outro blog antigo..

Do "Mal" nasce o bem, e do bem nasce o bem!


As coisas acontecem, de repente você está muito bem, sua vida apresenta uma certa estabilidade e você surfa por ondas tranquilas, velhas conhecidas, nas quais temos perfeito dominio de toda a situação, estamos no comando e nada pode nos abalar, pensamos. Mas que engano... Em um segundo, ou menos, tomamos uma decisão que muda todo o rumo da nossa história, às vezes tomamos essa decisão inconscientemente (99%) das vezes, e aí julgamos que a vida, ou Deus, ou alguém, ou alguma coisa... destruiu a nossa estabilidade, e praguejamos, esperneamos, nos revoltamos, e aí?? Nada.

Tem horas em que temos que adimitir que não sabemos o que é melhor pras nossas vidas, pelo menos não conscientemente, e assim, devemos cada vez mais buscar um auto-conhecimento para sofrermos menos quando fizermos essas escolhas que nos desestabilizam e aceitarmos com mais sabedoria os "desafios" da vida.

A vida é muito maior do que imaginamos, e muito maior do que nossas pequenas dores, que julgamos como dores, mas que na verdade não são mais do que processos naturais do ciclo que escolhemos para nosso proprio desenvolvimento. Não que devamos ser falsos e não nos permitir sentir o que sentimos na hora em que sentimos alguma coisa, mas é simplismente aproveitar os momentos de escuridão para revelar a luz, de forma autêntica e sem falso moralismo ou demagogias.

Devemos aprender a fazer as coisas boas para nós mesmos, não porque a religião, ou a moral, ou a lei, ou a família, ou os amigos falam que é correto, mas sim porque certas atitudes nos deixam em paz conosco mesmo e outras não. Simplismente por isso, e não é porque ficamos com a consciência tranquila, de irmos para o céu ou qualquer outra bobagem... há coisas que nos deixam leves no aqui e agora, nessa vida e não em outra, e há coisas que nos deixam mal, como sentir raiva, ódio, pensar ou falar coisas negativas sobre alguém, coisas que nos tiram o sono, ou o que seja, isso faz mal só e tão somente para nós mesmos, e para o universo inteiro, porque nós somos o universo.

Então é isso, faça o que te deixa bem, e o resto, é resto...

Não somos vítimas de nada!

O momento logo antes do nascer do Sol é o momento de maior escuridão... do "mal" nasce o bem, e do bem nasce o bem!

Paz e amor!!!