2/14/2011

A desconstrução da desconstrução


Chegamos a um ponto de pensamento onde tudo é questionado, e mais, tudo é desconstruído, todos os conceitos relativizados, e nesse ponto nada mais é necessário, nada é real, tudo se sustenta no fio da navalha. É fácil a partir desse ponto cair em direção à um niilismo e um hedonismo (mal interpretado, vide: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hedonismo) sem limites pois todos os freios são cortados, todas as correntes se quebram e não há mais nada para refrear os impulsos instintivos do humano.

É necessário chegando a esse ponto de extrema crise, termos um plano, uma meta, algo maior do que nós mesmos para irmos além dessa desconstrução, além de todo esse vazio existencial, e por isso é tão importante nesse momento as práticas de meditação e discussão filosófica, pois essas ferramentas nos dão base para irmos além, para a construção do novo humano, do novo pensamento e da nova sociedade integral, segundo a idéia de Wilber (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ken_Wilber).

Experiências em geral nos levam à outras perspectivas de vida, experiências que podemos nomear “viagens”, de todos os tipos: meditação, o uso dos chamados “enteógenos” (substâncias psicoativas) ou a própria viagem física realizada em modo de imersão na experiência, nos fazem ver novas possibilidades, e nesse momento de transcendência de valores, penso que o mais importante é esse vislumbre de novas maneiras de viver, como indivíduos, grupo, sociedade e humanidade.

E a desconstrução é tão legal que é, ela mesma, a ferramenta para sua própria superação, que é a desconstrução da própria desconstrução. O caminho natural para uma postura ultra-relativista é o seu próprio fim, porque uma teoria que define que tudo é relativo não pode ser, de maneira alguma, absoluta.

Acho que a grande beleza do pluralismo relativista* é a possibilidade de demolir tudo e começar uma construção do zero, em outras bases. Mas a sua atuação se restringe à isso, uma POSSIBILIDADE de transcendência, pois sempre há o risco de demolirmos tudo e começarmos uma nova construção sobre bases erradas, talvez ainda piores do que as construções antigas, ou mesmo cair num limbo desconstruído pra sempre, não havendo construção nenhuma, vivendo sobre os escombros de um mundo rejeitado.

Portanto, exploremos novas possibilidades de existência, busquemos mais a vida experienciadora de novas possibilidades, utilizemos as ferramentas que hoje nos são disponíveis para a viagem além de nós mesmos, com uma finalidade em mente: compartilhar e oferecer ao mundo novas formas alternativas de nos organizar e construir uma vida que seja digna de ser vivida por todos.

* Mais sobre a má interpretação do relativismo pode ser encontrado numa palestra de Mauro Almeida, na pag: www.revistapesquisa.fapesp.br

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