6/29/2011

Pessoas "problema"


Não existem caminhos ou regras que garantam o viver bem. A realidade é que todos nós estamos no mesmo barco e temos a possibilidade de nos perder buscando respostar corretas, padrões de comportamento que garantam uma felicidade enlatada e prometida em cada comercial da TV.

A verdade é que nos custa admitir o fracasso dos caminhos escolhidos até o momento, mas é um passo crucial para uma mudança global e efetiva em toda a humanidade, e sendo nós mesmos reflexos e partes dessa humanidade, esse é um passo crucial para nós como indivíduos.

Existem pessoas que não conseguem se ajustar, se encaixar nesse mundo, e são justamente essas que me dão a esperança de um mundo melhor. Se ao menos não as massacrássemos tanto, se ao menos nos déssemos ao trabalho de ouvir o que têm a dizer e propor para a construção de um mundo melhor tenho certeza de que várias das respostas que buscamos para os problemas que nos impedem de dormir uma boa noite de sono seriam dadas.

(Dedicado aos adolescentes "problema" fantásticos que tive o prazer de conhecer em um trabalho da faculdade, e à todos os adolescentes problemas do mundo. Espero que a família, professores e sociedade em geral aprenda um pouco com eles.)

6/03/2011

Valor

A arte não vale nada
O amor não vale nada
A poesia não vale nada
A música não vale nada
A pintura não vale nada
A amizade não vale nada
O que menos vale é o que vale mais.

6/02/2011

O que eu aprendi


Tenho andado reflexivo ultimamente.. Parece que sempre que eu faço alguma coisa que sai um pouco da minha estrutura normal, uma loucura, extravagância ou o que quer que seja, eu me lembro da minha natureza, me lembro de quem eu sou e não me identifico com nada aquilo. Louco, bipolar (rótulos, rótulos, rótulos)? Talvez.. E não, não fico feliz com isso se você quer saber.

Mas me alegro sim de perceber que hoje sou mais inteiro do que ontem e se erro ainda é porque me distraio às vezes de minha natureza. Duas coisas que sempre me ajudam muito a me conectar comigo mesmo novamente são meditação e pensamento sobre a vida, seja de ordem filosófica, psicológica, espiritual ou o que quer que seja, como diz o grande Patch Adams (que é um cara muito mais foda do que aquela caricatura do filme que hollywood mostrou): "Não existe pensamento positivo ou negativo, o negativo é não pensar!".

Aliás, recomendadíssima a entrevista com ele (assistam todas as partes, vale a pena!):


Aprendi algumas coisas valiosíssimas com as pessoas que me são mais queridas na vida:

Com meus avós maternos aprendi que não se deve fazer uma escolha sem ser por amor e que não podemos culpar o outro pela infelicidade causada pela nossas próprias escolhas..

Com meus avós paternos aprendi que o amor existe, é belo, é real e só faz bem pra quem ama, além disso aprendi que a vida foi feita pra ser compartilhada os amigos, família, colegas, conhecidos, e que no final o amor que você leva é o amor que você dá! (saudades da vovó sempre..)

Com meus pais aprendi que é vital o respeito mútuo em um casal e que a fórmula: respeito + amor + admiração + desejo de melhora mútua = casal feliz. Aprendi principalmente respeito ao próximo na sua forma mais hardcore, sem restrições, sem cobrança, sem "eu te avisei", sem hipocrisia.

Com meus irmãos aprendi a viver, aprendi o que significa amizade, o que significa brigar, tomar posição, ceder, entender o outro, conversar, chorar junto, perdoar, respeitar e admirar.. não sou irmão dos meus irmãos por ter nascido do mesmo pai e da mesma mãe, sou irmão deles porque sinto no fundo que somos pedaços da mesma alma.

Com meus amigos mais íntimos aprendi que amizade é amor e que o tempo e a distância não diminuem esse sentimento, aprendi que pessoas muito diferentes podem se entender se estiverem dispostas a abrir o coração pro outro, aprendi que a vida não vale a pena sem amizades verdadeiras.

Com minhas namoradas aprendi o que é o amor sublime, aquele mesmo da amizade, só que maior, porque você é o outro.. aprendi a amar sem prender, a doar sem cobrar, a dar sem esperar nada em troca, a receber o que o outro te oferece, aprendi a valorizar um sorriso, aprendi que todos somos frágeis, que todos queremos ser amados e que ninguém quer magoar o outro.

Com meu cachorro aprendi que os animais são muitas vezes mais honestos do que nós humanos, e que devemos respeitá-los, porque são o que há de mais puro em termos de sentimento nesse planeta, aprendi que a presença às vezes é mais importante que a palavra e que os olhos expressam mais do que podemos imaginar.

Dedico esse texto à todos que passaram pela minha vida e me ensinaram a viver, espero que sempre que ler eu me lembre de tudo isso e possa honrar e ser eternamente grato à todas essas pessoas e à todas as que vierem. Porque a vida só vale a pena quando é compartilhada.

6/01/2011

Paulo Freire, um grande homem!


http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=99980


http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=99981

Não sei colocar o vídeo aqui de uma forma mais bonita ou mais eficiente, mas estão aí os links de um documentário que me fez pensar muito na vida, nos valores, no ser humano.. compartilho com vocês, espero que gostem.

5/31/2011

Insights - (Parte II)


Se a vida é feita de experiências e toda experiência é no fundo uma experiência de sofrimento, como poderemos ser felizes algum dia nessa existência?

-Espere um pouco, você disse que toda experiência é uma experiência de sofrimento? Como assim?

Sim, toda experiência gera sofrimento no mundo material, se for dolorosa ela gera sofrimento no momento em que acontece e se for prazeirosa gera sofrimento no momento em que acaba, e toda experiência tem um fim.

Gosto muito do budismo, como já falei várias vezes em textos, e pra mim uma coisa que é marcante nessa filosofia é a história de vida de Sidartha Gautama, conhecido como Buda, o iluminado.

Sidartha era um príncipe, e quando nasceu foi levado à um sábio que revelaria seu destino, como era costume da época, e quando o sábio viu aquele bebê disse ao seu pai que ele seria um grande guia espiritual. Seu pai que era rei não gostou nada daquela predição pois queria que seu filho seguisse seus passos e acabou cercando o príncipe de luxos e prazeres, não deixando que ele conhecesse qualquer tipo de sofrimento mundano, nem doenças, nem velhice, somente prazeres.

Já adulto, Sidartha começa a sentir curiosidade sobre o que existe além dos portões do palácio e um dia consegue sair disfarçado e vê pessoas velhas, pessoas doentes, encarando o sofrimento pela primeira vez na sua vida.

Sidartha então percebe a primeira nobre verdade (dukkha):
"Esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimentos; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento."

Ele percebe que a natureza da vida material é sofrimento, e busca a origem desse sofrimento, o que o leva à segunda nobre verdade (Samudaya):
"Esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir."

Tendo a noção de que o que origina o sofrimento é o desejo, ou apego ao prazer e aversão à dor, busca como seria a cessação do sofrimento, e essa é a terceira nobre verdade (Nirodha):
"Esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele."

E com a consciência de ter que abandonar o desejo para cessar o sofrimento leva à quarta e última nobre verdade (Magga):
"Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta."

Meu Deus, você pula de paraquedas, vai pra várias festas, bebe, fica com um monte de mulheres e vem me dizer que o caminho correto é o abandono dos desejos materiais?

Ouça jovem Padawan, primeiramente eu não sou Buda, e lembra-se do ínicio de toda essa história? Lembra-se de que Sidartha era um príncipe cheio de luxos, prazeres e tudo o mais que há de "bom" na vida? Pois então... eu acho que temos que aproveitar as nossas experiências de vida, vivê-las com intensidade, o corpo deve sentir esse entendimento racional em todas suas células, só assim eu consigo construir a plena certeza de que esse é o caminho.

Como diz Krishnamurti "A verdade é uma terra sem caminhos.", e segundo Vivekananda: "No futuro haverão tantas religiões quantos forem os homens." E isso significa que cada um é responsável pelo seu caminho e pelo modo que trilha seu caminho. Tudo nos é lícito, porém nem tudo nos convém e o que eu como a prato pleno pode ser o seu veneno, mas como vai você saber sem tentar?

Vamos viver a vida e buscar a todo instante a clareza de que a felicidade é um estado interno a ser compartilhado e não algo conseguido por meio de experiências externas. Amém!

5/30/2011

Insights (Parte I) - O olhar é a luz que SAI do olho


O que nos define como seres humanos?

Se eu fosse responder essa pergunta de forma bem objetiva eu diria que o que nos define é o modo como significamos as nossas experiências vividas.

Não gosto da idéia de ser preso à nada nessa vida, sou um apreciador incorrigível da liberdade, e tento sempre dizer "sim" às oportunidades quando se apresentam, quando tenho vontade e são minimamente viáveis de serem realizadas. Acredito que não existam  modelos confiáveis para nos apegarmos em qualquer instância da nossa vida, e por isso não me prendo à nenhum rótulo.

Eu sempre fui um cara que transitou muito e intensamente por diversos mundos diferentes e tenho experiências desde ir à uma festa da alta sociedade chegando de limosine, até dormir em um prostíbulo horrível no Peru por falta de hotel.. de me envolver com uma garota que pode ser rotulada como a mais patricinha do mundo, e outra que pode ser rotulada como bixo-grila revoltada com a vida, mas descobri em ambas almas lindas e muito mais.

Enfim, o que somos nós? Somos a roupa que vestimos? Somos o que bebemos na balada? Somos o carro que temos (ou não temos)? Somos nossas ideologias, nossas escolhas, nossos amigos?

Acredito que somos um espaço vazio onde ocorrem experiências, e essas vão sendo significadas de acordo com os óculos e moldes que temos para encaixar as pequenas parcelas de "realidade" que se apresenta aos nossos sentidos.

Eu poderia tecer mil críticas à todas as pessoas e grupos com as quais já me relacionei, mas ao invés disso prefiro absorver e aproveitar o que eles me oferecem de bom, e ao oferecer esse olhar, despertar o que de bom há nessas pessoas, e assim despertar o que de bom há em mim pro mundo.

Há uma verdade muito acima da realidade aparente à qual nos apegamos quando decidimos pelos nossos pequenos julgamentos da realidade. Eu acho que todos nós seres humanos queremos e buscamos a felicidade, existem alguns que estão mais perdidos nesse caminho, mas todos nós a encontraremos, porque é a única maneira possível de sermos felizes e livres, quando TODOS os seres forem felizes e livres.

Esses dias, assistindo ao filme "Arido Movie" escutei uma frase que pra mim resume o que eu penso sobre a vida: "O olhar é a luz que SAI do olho!". E aí, qual luz temos lançado sobre o mundo?

(Continua...)

5/25/2011

O nascimento do Deus interior (ou Banda cover de Beatles)


A alguns dias atrás fui à Virada Cultural em SP e foi uma experiência muito foda, em vários aspectos. Mas eu queria relatar particularmente sobre uma das experiências de insight que me ocorreu durante essa viagem.

Primeiramente, vou confessar que eu ando numa fase muito foda em relação à um monte de coisa que eu tenho que resolver e venho postergando a um bom tempo, e essa situação vem me deixando bem grilado e com uma certa angústia (o que acredito que não seja ruim, já que são nesses momentos que se abrem possibilidades de transcendência da vida atual).

Mas voltando, em meio a isso tudo fui na Virada Cultural e passei por algumas experiências internas bem interessantes. Na viagem de ida mesmo tive uns insigths muito bacanas sobre Deus.

Entendo que todos os grandes mestres das maiores tradições do mundo vêm falando basicamente a mesma coisa: -Seja você mesmo! That´s it.

E vários são os motivos pra me fazer acreditar isso:

1- É praticamente consenso que fomos criados por Deus. Temos a natureza divina, portanto tudo o que pensarmos como atribuído às possibilidades de Deus de agir, podem ser extendidas à nós enquanto possibilidades.

2- Há uma constante busca de estados de quietude, estabilidade de energia e diálogo interior (oração, meditação, jejum, silêncio, celibato, penitência) e nesses momentos de quietude e solidão olhamos para dentro e nos encontramos com Deus, ou nossa parcela de Deus. E eu acho que devemos ouvir à esse Deus, que se manifesta em nós, e agir conforme sua vontade, trazendo uma experiência de felicidade e amor pra Deus, que chega até ele através das nossas próprias experiências.

3- Se todos somos um Deus só é fácil perceber que o melhor que podemos fazer é proporcionar felicidade pra uma outra parcela de nós mesmos, ou seja, o outro! Amar ao próximo como a ti mesmo, fora da caridade não há salvação.

4- E se Deus é tão poderoso quanto se diz, acho que deveríamos começar a prestar mais atenção ao que ele nos fala dentro de nós mesmos.

O QUE VOCÊ QUER?
O QUE TE MOTIVA?
O QUE TE FAZ SAIR DA CAMA CEDO?
O QUE TE FAZ SE SENTIR VIVO?

Podemos usar como analogia uma banda cover de Beatles, por exemplo (sendo bem extremo pra ficar simples), em sua maioria são caras bons, que tocam bem mas não captaram a verdadeira essência do que os Beatles quiseram transmitir, que pode ser "seja você mesmo, explore suas idéias, seja criativo".. a mensagem nunca foi: "tirem todas as nossas músicas e tentem se parecer com a gente".

Mas bem, nessa analogia bem caricata acho que dá pra perceber que na maioria das vezes nos apegamos à referências de vida, heróis ou personagens que só copiam o aspecto mais superficial da verdadeira mensagem transmitida. Assim como alguém que é cristão se apegar mais à imagem do sofrimento de Cristo do que na sua busca de servir à Deus, e não a si próprio. Deus não está fora de nós, Deus sou eu e você, eu deixo Deus feliz quando proporciono felicidade ao outro e a mim mesmo por troca.

A felicidade nunca é solitária, ela é sempre compartilhada, e por isso vejo a mensagem muito claramente de ser quem se é no fundo, pois só assim estaremos felizes de verdade e poderemos compartilhar a felicidade com Deus (o Todo!).

Verá que o que é essencial
sempre esteve aí
ponto final.